O Voto Eletrónico e o Solucionismo Tecnológico
"No estrangeiro, os portugueses votam principalmente por voto postal", diz a TSP, sublinhando que "este sistema já funcionava mal em vários países", mas que nas últimas eleições "não chegou praticamente nenhum voto da África do Sul", e que agora com a pandemia "o sistema postal está próximo do colapso em países tão evoluídos como o Reino Unido".
Então: nós que andamos nisto da democracia já há alguns aninhos, ainda não conseguimos fazer um sistema de voto por correspondência a funcionar decentemente. Um problema que tem, como solução, corrigir os problemas do sistema de voto postal, certo? Errado! Para a TSP - que aproveita para nos dar mais alguns detalhes sobre o que se passa com a proposta do voto electrónico remoto para as eleicões do CCP (agora sabemos que está a ser um trabalho conjunto do MAI, a AMA e o MNE) - a solução não é corrigir um sistema de fácil compreensão e tecnologia provada como o sistema de voto por correspondência, mas sim o voto eletrónico remoto.
Defendem que "Portugal é um país inovador e com técnicos de nível mundial, que podem produzir um sistema de voto eletrónico remoto seguro, testado e auditável", (sem dizer onde se basearam para fazer tal afirmação). Ficamos sem entender porque é que, se temos assim tão boas capacidades técnicas, como é que o voto por correspondência funciona tão mal - como é que não temos a morada certa dos eleitores, não sabemos explicar como se vota e nem sequer preparar boletins que caibam nos envelopes. Mas sim, vamos entregar-lhes a preparação de um sistema de voto electrónico, remoto, seguro, anónimo, fiável. O que pode correr mal?
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